Teologia

sexta-feira, 23 de maio de 2014

RESSUSCITOU CRISTO COM UM CORPO REAL?




Ricardo André

As Sagradas Escrituras relatam que, quando o Senhor Jesus Cristo ressuscitou apareceu a Seus discípulos. Tomé, na ocasião, tocou o corpo real (glorificado de Jesus ressuscitado (Jo 20:24-29). O Cristo ressuscitado disse que tinha corpo, carne e ossos, e assim ascendeu ao Céu (Lc 23:36-43, 50 e 51; At 1:11). “O Cristo que saiu da tumba era o mesmo Jesus que vivera aqui em carne. Agora Ele possuía um corpo glorificado, mas este ainda era um corpo real. Era tão real que os outros nem mesmo perceberam qualquer diferença (Lc 24:13-27; Jo 20:14-18)” (Nisto Cremos: ensinos bíblicos dos Adventistas do Sétimo Dia, CPB, p. 464).

Não obstante todo esse testemunho da Santa Bíblia, as Testemunhas de Jeová insistem em afirmar que Jesus ressuscitou “em espírito”, não tendo, portanto um corpo visível, e que seu corpo não subiu ao Céu porque pessoas de carne e sangue não podem viver nos céus. Citam 1 Co 15:50 para embasar sua crença, onde diz que “carne e sangue não podem herdar o reino dos céus”.

Na obra “Raciocínio à base das Escrituras”, diz a Sociedade Torre de Vigia, na p. 324: “Ao ser ressuscitado dentre os mortos, Jesus foi produzido com um corpo espiritual.”

O livro Poderá Viver Para Sempre no Paraíso na Terra, da Sociedade Torre de Vigia, faz o seguinte comentário de Atos 1:11: “Note que [os anjos] disseram “da mesma maneira”, não no mesmo corpo. E qual foi a maneira da partida de Jesus? Foi quieta, sem exibição pública. Apenas seus discípulos souberam a respeito dela. O mundo não soube” (p. 145).

Sendo assim, perguntamos as Testemunhas de Jeová: Onde está o corpo de Jesus? O que aconteceu com o Seu corpo por ocasião de sua ascensão? O mesmo livro Poderá Viver..., na p. 144, apresenta a seguinte resposta fantasiosa: “(...) Deus removeu o corpo de Jesus”. Já o livro A Verdade vos Tornará Livre, na página 298 amplia a resposta infundada e ridícula da Torre de Vigia: “(...) O corpo em que Cristo Jesus foi visto ascender em direção ao Céu não foi o corpo pregado no madeiro. Foi corpo que ele tinha materializado para ocasião a fim de aparecer a seus discípulos. Quando a nuvem o ocultou da sua vista, então ele dissolveu esse corpo como tinha feito com os outros corpos que revestiu durante os quarenta dias prévios”.

Numa outra publicação da Torre de Vigia, do ano de 1992, chamado Estudo Perspicaz das Escrituras, na pág. 432, ensina que após a ressurreição, Jesus se apresentou em diversos corpos. Estes se desintegravam após cada aparição: “Jesus Cristo é chamado de ‘o primogênito dentre os mortos’. (Col. 1:18) Ele foi o primeiro a ser ressuscitado para a vida eterna. E sua ressurreição foi “no espírito”, para a vida no céu. (1Pe 3:18). (...) Não obstante, durante 40 dias após sua ressurreição, Jesus apareceu a seus discípulos em diferentes ocasiões, em diferentes corpos carnais, assim como anjos tinham aparecido a homens nos tempos antigos. Igual àqueles anjos, ele tinha o poder de constituir e de desintegrar tais corpos carnais à vontade, com o propósito de provar visivelmente que fora ressuscitado”.

O texto da Bíblia citado na publicação é 1Pe 3:18 para basear a sua doutrina da ressurreição de Jesus como uma pessoa espiritual, que afirma que Cristo foi “vivificado no Espírito”. Que absurdo tomar esta porção das Escrituras e ensinar que Cristo foi ressuscitado como uma “pessoa espiritual”! 

As Escrituras Sagradas comumente empregam os termos “na carne” e “no espírito” para contrastar o modo de vida carnal ou pecaminoso, com o modo de vida espiritual piedoso. Por exemplo, em Romanos 8:8-9 nós lemos que os cristãos que têm o Espírito de Deus andam “no espírito” em vez de “na carne”. É óbvio que Paulo não está ensinando que os cristãos que andam “no espírito” são criaturas espirituais. Antes, Paulo está proclamando que, por andar “no espírito”, esse está andando pelo poder do Espírito Santo de Deus. Do mesmo modo, 1 Pedro 3:18 proclama que Jesus foi levantando dos mortos “no [poder do] Espírito.” A Bíblia nitidamente ensina que cada pessoa da Trindade teve parte na ressurreição de Cristo. Foi ressuscitado pelo Pai (Atos 10:40; 13:30). Foi ressuscitado por Seu próprio poder (João 10:17,18). Romanos 8:11 nos ensina que Cristo foi ressuscitado pelo Espírito Santo. Portanto, o apóstolo Paulo ao afirmar que Jesus foi “vivificado no Espírito”, não quis dizer que Ele ressurgiu como uma pessoa espiritual, mas que o Espírito Santo pelo Seu poder também O ressuscitou.

Na verdade, Jesus que foi “vivificado no espírito”, não se tornou um espírito, mas foi “vivificado” para o sobrenatural, reino eterno de vida espiritual. Jesus foi morto “na carne” — isto é, no reino carnal do homem pecador (não que Ele fosse pecador, mas que Ele viveu entre os pecadores), e Ele foi vivificado “no espírito” — isto é, no reino eterno (espiritual), não mais amarrado à vida terrestre com todas as suas limitações.

Ao dizer “vivificado em espírito”, o apóstolo Pedro quis apenas referir-se a um “corpo espiritual” ou “corpo celeste” (como já falara São Paulo em 1Cor 15,40), não a um mero espírito. A palavra “corpo” em 1Cor 15 é a mesma de sempre “SOMA” e se refere a um corpo carnal. É óbvio que um corpo espiritual não é um mero espírito, como pretende a Organização das Testemunhas de Jeová, mas a um corpo carnal revestido de espiritualidade ou transformado em corpo espiritual. Em outras palavras, é uma forma física, embora imortal e glorificada, que possui atributos espirituais como a capacidade de atravessar portas fechadas ou desaparecer (Lc 24,31; Jo 20,19.26). Notemos que em 1Cor 15:54 o apóstolo Paulo fala desse nosso mesmíssimo corpo transformado ou revestido de espiritualidade. Ao falar deste mesmo corpo, e não de outro, a heresia das Testemunhas de Jeová cai por terra. Observemos que o corpo de Cristo após a ressurreição tinha exatamente essas qualidades aí mencionadas, e, portanto, o corpo do Senhor não podia de jeito algum ser um corpo material que Cristo tomara emprestado, pois tal corpo tinha capacidades jamais pertencentes a um corpo meramente físico.

Quanto à afirmação ridícula e fantasiosa de que o corpo de Jesus se “dissolveu” , quando a nuvem ocultou-O da vista de Seus discípulos e que Ele se revestiu de vários outros corpos durante os quarenta dias prévios para ser visto pelos seus discípulos, não existe base bíblica para se crer e ensinar. É “ir além do que está escrito” (1 Coríntios 4:6). Não passa de invencionice humana. Desafiamos as Testemunhas de Jeová a provarem com textos bíblicos que o corpo de Jesus dissolveu as transpor as nuvens e que Ele teve vários corpos.

“O próprio Jesus negou que fosse uma espécie de espírito ou fantasma. Falando aos Seus discípulos disse: “Vede as Minhas mãos e os Meus pés, que sou Eu mesmo; apalpai-Me e verificai, porque um espírito não tem carne nem ossos, como vede que eu tenho” (Lc 24:39). A fim de demonstrar Sua realidade física após a ressurreição, Ele também comeu em presença deles (verso 43)” (Nisto Cremos: ensinos bíblicos dos Adventistas do Sétimo Dia, CPB, p. 464). As palavras de Jesus, nesta situação, evidentemente não visavam convencê-los simplesmente de sua realidade, mas assegurar-lhes que estava aparecendo diante deles em forma humana carnal e não em forma de espírito; por isso, ele lhes disse: “Apalpai-me e vede, porque um espírito não tem carne e ossos assim como observais que eu tenho.” (Lu 24:38-43; compare isso com Gên 18:1-8; 19:1-3.)

Não havia, portanto, nenhuma necessidade de eles temerem, conforme aconteceu com Daniel diante da assombrosa aparição angélica, de natureza completamente diferente. (Veja Da 10:4-9.)

A situação também era igualmente bem diferente daquela de Saulo de Tarso, que mais tarde foi cegado pelo aparecimento de Jesus a ele, na estrada de Damasco. — At 9:1-9; 26:12-14.

Os humanos não podem ver espíritos, de modo que os discípulos evidentemente pensaram que estavam vendo uma aparição ou uma visão. (Compare com Marcos 6:49, 50.)
Não há descrição mais clara do que esta, a de que Cristo Se apresentou com Seu próprio corpo ressurreto, sendo apalpado pelo descrente Tomé. A Bíblia ensina que a morte expiatória de Cristo e Sua ressurreição corporal são as duas principais colunas em que repousa a fé cristã (Romanos 4:25; I Coríntios 15:1-4). São Paulo disse em 1Cor 15:14 que “se Cristo não ressuscitou, é inútil a nossa pregação e inútil a nossa fé.” Afirma ainda o apóstolo que “se Cristo não ressuscitou é inútil a nossa fé e ainda estamos em pecado.” Um estudo do capítulo 24 de Lucas com atitude de oração e desprovido de ideias préconcebidas ver-se-á claramente que o mesmo ensina a ressurreição corporal de Cristo.

Uma outra observação que simplesmente desmonta essa doutrina antibíblica é que todas as vezes que a Sagrada Escritura fala da ressurreição de Cristo, sempre trata do corpo humano do salvador, ou seja, refere-se a uma ressurreição corporal, jamais a uma ressurreição espiritual, ou meramente do espírito. Com efeito, a palavra ressurreição, no grego ANÁSTASIS, nunca se refere ao espírito do homem.

Certa vez, falando aos judeus descrentes, disse o Mestre de Nazaré: "Destruí vós este templo, e eu o reerguerei em três dias”. Os judeus pensaram que Jesus estava se referindo ao templo de Jerusalém, no entanto, o evangelista explica e derruba de vez a teoria jeovista: “Mas ele falava do templo do seu corpo.”, Jo 2,19.21. A palavra grega aí para corpo, e em todo o Novo Testamento, é “SOMA”. Ela deixa explícito que o Senhor estava de fato se referindo a sua estrutura física e, logicamente a uma ressurreição carnal, corporal.
Uma outra prova inconteste de que o Senhor Jesus ressuscitou com o mesmo corpo que morrera no calvário é o fato de São Pedro em At 2:31 dizer claramente que o "seu corpo não conheceu a corrupção". Ora, se a ressurreição de Jesus não foi corporal, por que São Pedro, tratando da ressurreição, diria que o corpo de Jesus não se corrompeu? Se por acaso o corpo de Cristo apenas tivesse sido removido, como sugerem os jeovistas, certamente ele se corromperia. Mas não é isso o que diz a Sagrada Escritura.

As Testemunhas de Jeová argumentam: “Outra evidência a favor de que Jesus não foi ressuscitado na carne é que dois de seus discípulos, bem como Maria Madalena, não o reconheceram nas suas aparências físicas após a ressurreição. Apenas discerniram quem ele era por meio daquilo que disse e fez. — Luc. 24:13-31; João 20:14, 15”. Todavia, tal argumentação é improcedente. É preciso considerar os seguintes pontos:

Primeiro, os dois discípulos no caminho de Emaús não O reconheceram de imediato, por conta, naturalmente, de que eles não imaginariam poder estar conversando com o Senhor que julgavam está morto. Segundo, não puderam discernir a Sua presença pessoal, porque Jesus estava com uma aparência bem diferente na última imagem do Cristo abatido, desfigurado pelo sofrimento e castigos físicos e morto que tinham registrado na memória.
No caso de Maria, em Jo 20:14-16, a razão foi que ela olhou rapidamente para Jesus entre lágrimas. O texto diz que ela estava chorando. Somente depois que “voltou-se para trás” (verso 16) é que reconheceu o Salvador Jesus.

I Coríntios 15:50 é outro versículo empregado pelas Testemunhas de Jeová para verificar sua posição. O texto afirma que “carne e sangue não podem herdar o reino dos céus”.

Assim sendo, como explicar a respeito da ida de Enoque e Elias, que foram arrebatados em vida para o Céu? Basta ler os relatos de como isso se deu, em 2 Reis2 e Gênesis 5:24. Sobre Enoque, por exemplo, podemos ler em Hebreus 11:5 a confirmação nítida pela NTLH: “A fé livrou Enoque de morrer. Pois Ele foi levado para Deus, e ninguém o encontrou, porque Deus mesmo o levou”. Está a Bíblia se contradizendo? Obviamente que não! Portanto, é preciso entender a expressão “carne e sangue não podem herdar o reino dos céus”.

“A expressão ‘carne e sangue’ de I Coríntios 15:50 se aplica ao homem terreno, às coisas materiais, em contraste com as espirituais. Percebe-se muito bem isso em passagens tais como S. Mateus 16:17 (“não foi carne e sangue que te revelou”), Gálatas 1:16 (“para que pregasse aos gentios sem detença não consultei carne e sangue”); Efésios 6:12 (“nossa luta não é contra carne e sangue, e, sim, contra ... as forças espirituais do mal”).

“Os que ressuscitarem e forem para o Céu no final, terão um corpo glorioso, chamado na Bíblia de “corpo espiritual”. Isso, porém, não significa que se trate de uma entidade etérea, sem consistência, como um fantasma, ou “espírito desencarnado” como popularmente se imagina.

“A explicação bíblica de como se dará a ressurreição é muito clara nos textos que complementam o pensamento de I Coríntios 15: “Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados; Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória”. I Coríntios 15:51-54.

“Em I Tessalonicenses 4:17 há uma explicação adicional de que quando Cristo vier buscar Seu povo sobre a Terra, os vivos serão “arrebatados (...) para o encontro com o Senhor nos ares”. Certamente esse vivos terão os corpos transformados de corruptíveis para incorruptíveis, segundo as promessas bíblicas. De carne e sangue contaminados pelo pecado a elementos isentos da corrupção deste mundo. Foi sem dúvida, o que se deu com Elias e Enoque. Eles desfrutaram antecipadamente o magnífico privilégio do encontro com o Senhor sem provar a morte, como se dará com todos quantos forem achados fiéis naquele dia.

“A Bíblia fala que o corpo atual de Cristo é “glorioso”. (Filip. 3:20, 21) e que os salvos serão “semelhantes a Ele” (I S. João 3:2). Mas não entra em detalhes quanto à real constituição desse corpo incorruptível que os remidos adquirirão” (Consultoria Doutrinária, CPB, 1979, pp. 286-288).

Diante do testemunho das Sagradas Escrituras, podemos dizer que as Testemunhas de Jeová precisam revisar mais uma de suas esdrúxulas crenças, e que essa doutrina não se sustenta. Logo deve ser rejeitada.   






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